TEXTO ÁUREO
"Tu,
pois, meu filho, fortifica-te na graça que há em Cristo Jesus. E o que de mim,
entre muitas testemunhas, ouviste, confia-o a homens fiéis, que sejam idôneos
para também ensinarem os outros" (2 Tm
2.1,2).
VERDADE PRÁTICA
A escola
de profetas objetivava a transmissão dos valores morais e espirituais que Deus
havia entregado a Israel através de sua Palavra.
INTRODUÇÃO
Por diversas vezes, vemos a expressão "filhos
dos profetas" aparecer nos livros de Reis. Os filhos, ou discípulos, dos profetas
estavam radicados em Betel, Jericó e Gilgal (2 Rs 2.3,5,7,15; 4.38). O contexto
dessas passagens não deixa dúvidas de que esta expressão pode ser entendida
como sinônimo para escola de profetas.O fato serve para mostrar que a educação
religiosa, ou formal, já recebia destaque no antigo Israel. Ressalvamos que as
escolas de profetas não tinham como propósito ensinar a profetizar. Isso é uma
atribuição divina. Todavia, eram um testemunho vivo de que o povo de Deus, em
um passado tão distante, preocupava-se em passar às gerações mais novas sua
herança cultural e espiritual. Por isso, vejamos nessa lição, a Escola de
Profetas sob quatro perspectivas
I - A INSTITUIÇÃO DAS ESCOLAS DE
PROFETAS
1. Noção de organização e forma. O texto de 2 Reis 6.1 mostra que
essas Escolas de Profetas possuíam uma estrutura física. Eles viviam em
comunidade e, portanto, careciam de espaço físico não somente para habitar, mas
também onde pudessem ser instruídos: "Eis que o lugar em que habitamos
diante da tua face nos é estreito. Vamos, pois, até ao Jordão, e tomemos de lá,
cada um de nós, uma viga, e façamo-nos ali um lugar, para habitar ali".
Observa-se nesse texto que a estrutura acabou ficando inadequada e um espaço
maior foi reclamado. Para que se tenha uma educação de qualidade necessita-se
de uma estrutura adequada. Não podemos educar sem primeiro estruturar!
2. Noção de organismo e função. As escolas de profetas estavam
sob uma supervisão e, portanto, possuíam um líder espiritual que lhes dava
orientação. Os estudiosos acreditam que as escolas de profetas surgiram com
Samuel (1 Sm 10.5,10; 19.20) e, posteriormente, consolidaram-se com a monarquia
nos ministérios de Elias e Eliseu. No texto de 2 Reis 6.1, verificamos que os
discípulos dos profetas estavam sob a orientação de Eliseu e era com este
profeta que buscavam instrução. Eliseu não era apenas um homem com dons
sobrenaturais capaz de prever o futuro ou operar grandes milagres, mas também
um profeta que possuía uma missão pedagógica.
II - OS OBJETIVOS DAS ESCOLAS DE
PROFETAS
1. Treinamento. O texto de 2 Reis 2.15,16
mostra que fazia parte do treinamento das escolas dos profetas trabalhar sob as
ordens do líder, obtendo assim permissão para a execução de cada tarefa. Em
outras situações observamos que os filhos dos profetas, quando já treinados,
podiam agir por conta própria em determinadas situações (1 Rs 20.35). Na igreja
o discipulado ocorre quando aquele que foi ensinado compartilha com outro o seu
aprendizado.
2. Encorajamento. Os expositores bíblicos
observam que Eliseu não limitava o seu ministério à pregação itinerante e a
operação de milagres, mas agia também como um supervisor das escolas de
profetas. Ele fornecia instrução e encorajamento aos jovens que ali estavam. O
contexto de 1 e 2 Reis não deixa dúvidas de que Elias e Eliseu muito
preocuparam-se em transmitir às gerações mais novas o que haviam aprendido do
Senhor. Nessas escolas, portanto, esses alunos eram encorajados a buscar uma
melhor compreensão da Palavra de Deus.
Não há objetivo maior para um educador do que encorajar o educando a
buscar a excelência no ensino.
III -
O CURRÍCULO DAS ESCOLAS DE PROFETAS
1. A Escritura. Acompanhando o ministério de
Elias, vemos que a Palavra de Deus fazia parte do conteúdo ensinado nas escolas
de profetas. Dele, Eliseu recebeu essa herança. Quando se encontrava no monte
Sinai, Elias queixou-se de que os israelitas haviam abandonado a aliança
divina, destruído os locais do verdadeiro culto e matado os profetas do Senhor
(1 Rs 19.10). A Palavra de Deus, em especial o livro de Deuteronômio,
especificava que princípios e preceitos regiam a aliança de Jeová com o seu
povo. A Palavra de Deus era e é essa aliança! Assim como Elias, Eliseu também
estava familiarizado com as implicações do concerto divino. Era a Palavra de Deus
que ele ensinava aos seus discípulos. É a Palavra de Deus que nós também
devemos ensinar hoje.
2. A experiência. Elias e Eliseu eram homens
experientes e partilhavam com os outros o que haviam aprendido do Senhor (2 Rs
2.15, 19-22; 4.1-7, 42-44). No entanto, no contexto bíblico, a experiência não
está acima da revelação divina conforme se encontra registrada na Bíblia. A
Palavra de Deus é quem julga a experiência e não o contrário. Elias, por
exemplo, afirmou que suas experiências tiveram como fundamento a Palavra de
Deus (1 Rs 18.36). Os mais jovens devem ter a humildade de aprender com os mais
experientes e os mais experientes não devem desprezar os saberes dos mais
jovens. O aprendizado se dá através do processo de interação e a experiência
faz parte desse processo.
IV -
A METODOLOGIA DA ESCOLA DE PROFETAS
1. Ensino através do exemplo. As Escolas de Profetas seguiam
o idealismo hebreu concernente à educação. Havia uma relação entre professor e
aluno na comunidade onde viviam. A educação acontecia também na sua forma oral
e o exemplo era um desses métodos adotados no processo educativo. Não há como
negar que Eliseu ensinava através do exemplo. Há vários relatos sobre os
milagres de Eliseu, nos quais se percebe que o aprendizado acontecia através da
observação das ações do profeta. Geazi, discípulo de Eliseu, sabia que seu
mestre era um exemplo de honestidade. Em o Novo Testamento, Jesus Cristo
colocou-se como o exemplo máximo a ser seguido e Paulo se pôs como um modelo a
ser imitado (Mt 9.9; 1 Co 11.1).
2. Ensino através da Palavra. Eliseu não deixou nada escrito.
O que sabemos dele é através do cronista sagrado. Mas esse fato não significa
que o profeta não usasse a Palavra de Deus em sua vida devocional e também como
instrumento de instrução nas Escolas de Profetas. A forma como Eliseu julgava o
comportamento dos reis, aprovando-os, ou reprovando-os, não deixa dúvidas de
que usava a Palavra de Deus escrita para discipular os alunos das Escolas de
Profetas. Eliseu, por exemplo, mediu a iniquidade de Acabe através da piedade
de Josafá. Acabe era um rei mau porque não andava conforme a Palavra de Deus,
enquanto Josafá era estimado por fazer o caminho inverso.
CONCLUSÃO
Através
do ministério de Eliseu, observamos que as Escolas de Profetas eram dedicadas
ao ensino formal. Ali era ensinada a Palavra de Deus. Esse fato, por si só, é
de grande relevância para nós, porque demonstra a preocupação do homem de Deus
em passar a outros o conhecimento correto sobre o Deus único e verdadeiro. Os
tempos mudam e a cultura também. Hoje, sabemos que a educação secular possui
grande importância e, infelizmente para muitos, é a única forma de educação
existente. Não podemos negligenciar a educação secular, mas não podemos de
forma alguma perder de vista a dimensão espiritual do conhecimento divino, que
se encontra na Bíblia Sagrada.
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