TEXTO ÁUREO
"Ora,
o rei falava a Geazi, moço do homem de Deus, dizendo: Conta-me, peço-te, todas
as grandes obras que Eliseu tem feito" (2 Rs 8.4).
VERDADE PRÁTICA
Os
milagres realizados por Eliseu não visaram à glorificação pessoal do profeta,
mas demonstraram o amor e a graça de Deus.
INTRODUÇÃO
Eliseu era um
lavrador pertencente a uma família abastada de Israel, quando foi chamado a
exercer o ministério profético (1 Rs 19.19-21). Sem dúvida, era um dos sete mil
que não haviam se dobrado diante de Baal. E essa foi uma das razões pelas quais
o Senhor o escolhera. As intervenções sobrenaturais, através de Eliseu, são
impressionantes (1 Rs 19.16). Dividimos aqui as narrativas de seus milagres em
quatro grupos. Nem todos os milagres operados por Eliseu serão estudados aqui,
mas os que analisarmos servirão para ilustrar os propósitos divinos na vida de
seu povo. .
I - OS MILAGRES DE PROVISÃO
1. A multiplicação dos pães. Esse é um milagre de provisão.
Eram cem os discípulos dos profetas e só havia vinte pães para alimentá-los (2
Rs 4.42-44). A lei da procura era maior do que a da oferta! O que fazer diante
da situação? O profeta Eliseu não olha às evidencias naturais, mas seguindo a
direção de Deus, profetiza que todos comeriam e ainda sobrariam pães! Como? Não
havia lógica nenhuma nessa predição.
Todavia, milagres não se explicam, aceitam-se pela fé! Muito tempo
depois encontramos o Novo Testamento detalhando como Jesus Cristo operou um
milagre com a mesma dinâmica, mas em maior proporção (Jo 6.9). Em ambas as
histórias, a graça de Deus em prover o necessário para os carentes fica em
evidência.
2. Abundância de víveres. Jorão, filho de Acabe, estava
assentado no trono do reino do Norte e, a exemplo de Jeroboão, foi mau governante
(2 Rs 3.1-3). A consequência de suas ações pecaminosas foi o cerco à cidade de
Samaria promovida por Ben-Hadade II. Com a cidade sitiada, a consequência
natural foi a escassez de alimentos. Vendia-se desde cabeça de jumento até
mesmo esterco de pombo na tentativa de amenizar a fome. Pressionado pela crise,
o rei procurou o profeta Eliseu e o responsabilizou pela tragédia. Sempre o
Diabo querendo culpar Deus! Todavia, o Senhor demonstra, mais uma vez, a sua
graça, e orienta Eliseu a profetizar o fim da fome! Como nos outros milagres,
esse tem seu cumprimento de forma inteiramente sobrenatural e inexplicável.
II - OS MILAGRES DE RESTITUIÇÃO
1. A ressurreição do filho da
sunamita. Mesmo
havendo deixado o filho morto em casa, a rica mulher de Suném demonstra uma fé
inabalável (2 Rs 4.18-37). Quando a caminho, e interrogada por Geazi, servo de
Eliseu, sobre como iam as coisas, ela respondeu: "Tudo bem!" Nada
está fora de controle quando Deus está no comando. A sequência da história
mostra o profeta Eliseu orando ao Senhor sobre o corpo inerte do garoto (2 Rs
4.33,34). Os gestos do profeta parecem não ter sentido, mas sem dúvida refletem
a orientação divina (2 Rs 4.34,35). O Senhor responde a oração do profeta e a
vida volta novamente ao filho da sunamita (2 Rs 4.35-37).
2. O machado que flutuou. Um dos discípulos dos profetas
perdera a ferramenta que tomara emprestada (2 Rs 6.1-7). Naqueles dias, os
instrumentos de ferro eram escassos e valiosos. Daí o seu desespero. Duas
coisas observamos nesse texto: primeiramente, a motivação do milagre que está
bem expressa no lamento daquele que perdera o machado. O que nos faz lamentar?
A nossa motivação está correta? Em segundo lugar, vemos o profeta procurando
identificar o local onde a ferramenta havia caído. O Senhor está pronto a
restituir o que perdemos, mas temos de ter consciência disso.
III - OS MILAGRES DE RESTAURAÇÃO
1. A cura de Naamã. Algumas coisas nos chamam a
atenção no relato desse milagre (2 Rs 5.1-19). Em primeiro lugar, observamos
que o general sírio fica indignado quando o profeta não age da forma que ele
imaginou (2 Rs 5.11). Deus não faz shows, nem tampouco opera para satisfazer
nossa curiosidade. Em segundo lugar, vemos que Deus não estava interessado na
análise lógica de Naamã (2 Rs 5.11,12), mas apenas em sua obediência. Em
terceiro lugar, Naamã recebe a cura quando desce ao Jordão (2 Rs 5.14). Ninguém
será restaurado se não descer! Naamã desceu e foi curado. Deus resiste aos
soberbos, mas dá graça aos humildes (Tg 4.6). Em quarto lugar, Naamã tentou
recompensar o profeta pelo milagre recebido (2 Rs 5.15,16). Eliseu recusou! A
graça não aceita pagamento por aquilo que faz.
2. As águas de Jericó. O texto de 2 Reis 2.19-22 narra
o episódio das águas amargas de Jericó que se tornaram saudáveis através da
ação de Eliseu. Aqui, o profeta pede um prato novo e, que neste, se coloque
sal. Feito isso, ele profetiza que aquelas águas tornar-se-iam potáveis segundo
a palavra do Senhor. Tais exigências possuíam um valor simbólico, pois o sal
representa um elemento purificador (Lv 2.13; Mt 5.13). O prato novo simboliza
um instrumento de dedicação especial ou exclusiva a Deus para aquele momento.
Em todo caso, foi o poder de Deus que purificou as águas e não o poder desses
objetos e ingredientes.
IV - OS MILAGRES DE JULGAMENTO
1. Maldição dos rapazinhos. Certa vez, uns jovens
debocharam de Eliseu, dizendo-lhe: "Sobe, calvo, sobe, calvo"!
Reagindo à situação, o profeta invoca o julgamento divino sobre os zombadores,
amaldiçoando-os em nome do Senhor (2 Rs 2.23-25). O efeito foi devastador. Apareceram duas ursas selvagens, que se
investiram contra os rapazes, matando quarenta e dois deles. Não se pode
brincar com as coisas sagradas e muito menos escarnecer dos servos de Deus.
2. A doença de Geazi. No relato de 2 Reis 5.20-27,
observamos as razões pelas quais Geazi foi julgado. Ele supunha que a recusa de
Eliseu em aceitar os presentes de Naamã era apenas uma questão pessoal do
profeta (2 Rs 5.20). Por isso, resolveu tirar partido da situação. Usou o nome
de Eliseu para validar sua cobiça, procurando tornar aceitável o que Deus havia
abominado (2 Rs 5.22). Ele deveria saber que Deus não vende suas bênçãos, mas
as dá gratuitamente. E, assim, o cobiçoso Geazi trocou o arrependimento pelo
fingimento e ainda trocou a bênção pela maldição (2 Rs 5.25,27). Em
consequência, teve de conviver com a lepra pelo resto da sua vida!
CONCLUSÃO
Os
milagres operados por Eliseu demonstram o poder divino. Todos tiveram um
propósito específico: evidenciar a graça e a glória de Deus nas mais diferentes
situações. Em nenhum momento, essas intervenções exaltam as virtudes do
profeta.
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